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Fake News, a maldição da notícia falsa!
Um dos elementos marcantes do pleito que ainda a pouco vivenciamos, foram as fakes news, que sorrateiramente se incrustam no cotidiano de nossas gentes, desnorteada com a avalanche de informações que lhes são ofertadas diariamente, e sobre as quais nem sempre conseguem, de forma confiável, averiguar sua veracidade.
Apesar de parecer recente, o termo fake news, ou notícia falsa, em português literal, é mais antigo do que aparenta. Segundo o dicionário americano Merriam-Webster, essa expressão é usada desde o final do século XIX. O vocábulo, originário em inglês, popularizou-se em todo o mundo para denominar informações falsas que são publicadas, principalmente nas novas mídias, as redes sociais.
Embora que há muito, mentiras são divulgadas como verdades, foi com o advento da “grande rede” que esse tipo de conduta experienciou seu ápice. A imprensa internacional começou a usar com mais frequência o termo durante a eleição americana de 2016, donde Donald Trump tornou-se presidente. Por ocasião de sua vitória, algumas empresas especializadas identificaram uma série de sites com conteúdo duvidoso. A maioria das notícias divulgadas por essas páginas explorava conteúdos sensacionalistas, envolvendo, em alguns casos, personalidades importantes para o pleito, e até mesmo sua adversária, Hillary Clinton.
Um dado alarmante foi constatado pelos pesquisadores do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), nos Estados Unidos; segundo exame pormenorizado, a chance de uma notícia falsa ser repassada é consideravelmente maior que a de uma verdadeira. Foram analisadas 126 mil publicações, e percebeu-se que a probabilidade de replicar uma informação falsa é 70% maior do que a de republicar uma notícia verídica.
Aqui no Brasil, alguns episódios expressam os malefícios das famigeradas fakes news; um caso que ficou nacionalmente conhecido e chegou ao extremo foi o da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que morreu após ter sido espancada por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo, em 2014.
A revolta dos moradores foi em virtude de informações publicadas em uma rede social, com um retrato falado de uma suposta sequestradora de crianças para rituais de magia negra. A dona de casa foi confundida com a criminosa e acabou linchada por moradores.
Outro boato que tomou conta das redes, influenciou substancialmente o calendário de vacinação infantil; postagens irresponsáveis davam conta que algumas vacinas seriam mortais e teriam vitimado milhares de crianças. O impacto foi tão grande que doenças como o sarampo, moléstia tida como erradicada por essas bandas, voltou a acometer nossas crianças.
Fato perturbador também, foi o relacionado à greve dos caminhoneiros em meados desse ano, que durou 11 dias, fechou rodovias de norte a sul do país e provocou desabastecimento de diversos produtos; alguns rumores espalhados nas plataformas digitais, dando conta de uma nova greve, geraram tumulto nas grandes cidades. Em alguns municípios, filas de carros formaram-se em postos de combustíveis, com cidadãos temerosos, com aumento do preço e até mesmo a falta do produto.
Nossa sociedade vive um contexto de extrema polarização política e os conteúdos midiáticos são filtrados por esses sentimentos; somos levados pela passionalidade a desprezar o senso crítico, dando vez a um sem fim de notícias descabidas, que julgamos não comprometedoras, pois assim agimos nas plataformas digitais, ambiente onde “tudo pode”, e que pensamos legitimizar nossas ações, por vezes, inconsequentes.
Faz-se considerável, apreciarmos alguns aspectos dos fatos a nós remetidos e nos precavermos antes de repassá-los adiante; leiamos todo o conteúdo, não apenas o título, chequemos a fonte e o site donde foi extraído, verifiquemos a data, não nos deixemos levar pelo apelo sensacionalista que em via de regra as fakes portam, pesquisemos as informações noutras fontes e lembremo-nos, geralmente a finalidade dessas publicações, são pouco plausíveis, atendem a interesses escusos.
Sejamos criteriosos com o que replicamos, para de forma responsável, bem aproveitarmos as benesses propiciadas por essa “nova forma de comunicação”.
Abençoada semana, Graça e Paz