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Tecnologia é colocada a serviço da redução dos suicídios

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A mesma tecnologia capaz de levar à baixa autoestima crianças e jovens expostos intensamente a dispositivos eletrônicos também pode salvar vidas. Nesse contexto, iniciativas brasileiras despontam como mais uma esperança na prevenção ao autoextermínio, como a do laboratório do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A pesquisa envolve uma equipe multidisciplinar formada por especialistas em tecnologia, especificamente Inteligência Artificial (IA), e psiquiatras. O levantamento de dados acontece desde 2000, por meio do site www.temperamento.com.br .

A página, desenvolvida em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RGS), tem o objetivo de caracterizar o temperamento, comportamentos e aspectos da história pessoal dos usuários, bem como avaliar possíveis sintomas e transtornos psiquiátricos.

Nesse ambiente virtual, cerca de 100 mil pessoas já responderam a um questionário, com mais de mil perguntas das mais diversas dimensões: afetiva, familiar, hábitos de consumo e vícios, trabalho, finanças, passado e perspectivas para o futuro. “O website foi criado com intuito acadêmico e também para ajudar a encontrar soluções mais eficazes para as questões relacionadas à saúde mental. Temos um banco de dados único, talvez o mais amplo desse tipo, devido à quantidade de perguntas feitas”, explica o coordenador do Laboratório de IA (Liar) da UFMG, professor Adriano Veloso.

Como essa base é muito extensa, a equipe de Veloso foi procurada para desenvolver uma IA capaz de olhar para essas informações, variadas e complexas, e contar uma história sobre esses mais de 100 mil internautas: “Principalmente, sintetizar e responder o que leva uma pessoa ao suicídio, bem como classificar se esse indivíduo tem ou não esse comportamento”, completa o professor.

Em seu desenho atual, quando as respostas das pessoas com e sem comportamento suicida são apresentadas à IA, o índice de acerto sobre a tendência do comportamento de cada perfil é de 92%. Um dos motivos para essa alta taxa é o fato de a tecnologia propiciar aos respondentes certo distanciamento do problema e o anonimato, o que é impossível em um tratamento clássico.

Outro ponto concluído pelos pesquisadores é que o gênero é fator preponderante para a definição das respostas que o modelo pretende encontrar. Quando a IA buscou descobrir o que leva alguém a atentar contra a própria vida, foram encontradas explicações que podem ser aplicadas a ambos os sexos e outras, a apenas um.

“Para as mulheres, saber ser fruto de uma gravidez indesejada pelos pais é o fator mais impactante ligado à ideação suicida, observado em 82% dos casos. Já no caso dos homens, a relação principal entre trauma e suicídio se deu quando houve abuso emocional, presente em 89% dos questionários de quem informou ter pensamentos suicidas ou planos para tirar a própria vida”, informa Gabriella Seiler, sócia e executiva da Kunumi.

A Kunumi é uma empresa de IA com um braço em pesquisa. Tem como propósito distribuir conhecimento, prosperidade e bem-estar por meio do desenvolvimento responsável de inteligência artificial. Hoje, uma parte de seu lucro é usada para fomentar o Laboratório de IA da UFMG. “Apoiamos a ciência fazendo a ponte entre a pesquisa e a inovação aplicada no Brasil ao investirmos em pesquisas acadêmicas para diversos setores, incluindo a saúde”, complementa Gabriella.

Fonte: Por Queila Ariadne, Izabela Ferreira Alves, Tatiana Lagôa e Rafael Rocha –  O Tempo

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