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Tô nem aí!

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Chegamos ao ponto em que precisamos definir o que é crise de verdade.

No movimento dos caminhoneiros o povo enlouqueceu e não faltaram opiniões e palpites de toda ordem. Alguns se aliaram imediatamente ao clamor pela redução dos preços dos combustíveis, outros ampliaram suas insatisfações e pediam menos impostos sobre tudo o que produzimos. Muitos chegaram a pedir a renúncia do presidente e aqueles mais aloprados pediram a intervenção militar, como se isso fosse tão fácil, como chamar a polícia pelo 190.

Depois de toda a “balhafalhofa” veio a ressaca de tantos exercícios de sabedoria ditos e estimulados nas redes sociais. Mas nenhum me pareceu tão bom, quando a do meu sobrinho Thiago, que ao volante do carro na estrada de Belo Horizonte para Nova Serrana soltou palavras peroladas para o momento.

Disse ele, que não enfrentamos crises econômicas ou políticas de qualquer espécie, porque os bares continuaram cheios, os postos de combustíveis estiveram repletos a ponto de esgotar seus estoques de gasolina e etanol com a glória de um feriado prolongado nunca visto no calendário nacional. Penso que ele está certo e vivemos realmente uma crise de consciência e moralidade.

Caminhoneiros pararam as rodovias em protesto contra a alta dos combustíveis, mas o governo reduziu apenas os custos do óleo diesel e os pedágios, com benefícios apenas à categoria. A gasolina, por sua vez, teve novos aumentos imediatos em meio à crise. Os preços de alimentos e artigos de primeira necessidade, também receberam aumentos abusivos e tudo ficou bem mais caro do que antes da mobilização.

Mesmo assim continuamos bebendo cerveja cara, comendo alimentos caros, vestindo roupas a preço de vestuário de griffe e a única coisa que baixou foi nossa autoestima.

A pergunta que não quer calar: “Que crise é essa, que faz as pessoas pagarem mais caro pelo combustível se o protesto era exatamente contra os altos custos? Que crise é essa, que faz o cidadão reclamar a falta de dinheiro, mas para coisas supérfluas não falta?”

Creio que temos uma crise verdadeiramente alojada na falta de consciência. Os noticiários apresentaram inúmeras reportagens e muitos internautas perderam horas do seu tempo publicando informações falsas para proteger suas razões hipócritas.

Perdi a conta de quantas pessoas disseram sobre um tal general, que teria dito que as forças armadas estavam prontas para intervir. Ora, minha gente! É uma questão de bom senso sobre todos os aspectos.

Que militar tentaria um “golpe” com as eleições democráticas para acontecer em 4 meses? Por que colocariam em risco a estabilidade democrática em tão curto espaço de tempo?

Temos uma crise moral, temos uma crise quase existencial pelo que desejamos, mas não temos a maturidade essencial para uma simples atitude.

Para finalizar, quero falar de um fato acontecido na França nos anos 70, quando a TV francesa exibia filmes de baixa qualidade e que faziam apologias ao sexo desenfreado e à violência gratuita em horários vespertinos. Numa mobilização popular decidiram por uma greve, um boicote às emissoras de TV. A população ficou vários dias sem assistir a programação e as emissoras começaram a perder as verbas e investimentos publicitários dos anunciantes.

Consequentemente tiveram que rever suas grades de programação e a vitória popular se estabeleceu. Nosso país ainda caminha para esse tipo de entendimento, mas ainda estamos longe. Tinha gente dizendo (em tom de humor negro) que poderia faltar tudo, menos a sagrada cerveja. Ora, pelo amor de Deus! Já caminhamos bem em direção a muitas conquistas

Hoje sabemos os nomes dos ministros do Supremo Tribunal Federal e poucos sabem a escalação da seleção brasileira. Sabemos da importância das próximas eleições para mudarmos realmente a política e os representantes que nada fazem para resolver as questões sociais.

Por isso, “engatar um foda-se”, como muitos falam é, no mínimo, insano para o momento. É preciso olhar e entender os acontecimentos e não ficar esperando que os governos façam alguma coisa. É preciso mostrar o que “nós podemos fazer pelo país”, com atitudes certas para reinventar a política e conquistarmos o respeito como nação.

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