Colunistas
Aceitação sim, submissão, não!
Ouço muitas pessoas recomendarem a mudança do nosso comportamento para enfrentarmos, com menos sofrimento, o momento por que passamos. Algumas sugestões têm origem em livros sagrados, profecias estranhas, conselhos seculares ou simples palpites gratuitos de quem se acha conhecedor da vida.
Ao acompanhar os noticiários ou as redes sociais vejo uma quantidade enorme de reclamações e denúncias sobre agressões ou desentendimentos domésticos causados pelo longo tempo de confinamento recomendado pelas autoridades. Mas é importante saber de uma coisa: ainda temos resistência! E uma das lições mais difíceis que precisamos aprender na nossa vida é a aceitação.
Aceitar não quer dizer “ceder”.
Pode parecer doloroso num primeiro momento, porque aceitar causa sofrimentos e por isso, naturalmente rejeitamos a condição de apenas aceitar. Aceitar, sem discutir, causa inconformismos e até revolta. Porém, quando isso acontece, com certeza é mais uma experiência na vida e significa sabedoria e não a simples submissão.
A sabedoria nos ensina a parar de brigar com a realidade e nesse momento tudo se transforma. Parece que desbloqueamos os caminhos e tudo começa a se abrir.
Um grande pensador disse, que para acabar com uma guerra é muito fácil: basta que um dos lados se renda ao outro e assim, os dois começam a caminhar juntos, porque quando a briga termina e se aceita a realidade, nesse momento estamos preparados para uma nova etapa, sem a tensão e os problemas que ficaram para trás.
É claro que a revolta faz parte do conflito que terminou e o tempo ensina que viver é se permitir sair da angustia causada pela revolta. Acho que estamos realmente vivendo um momento difícil, porque não fomos preparados para ele, a não ser por versões cinematográficas de ficção.
Apesar de que, num confinamento prolongado, lutamos por nossos espaços. Mas se não encontramos uma razão comum a todos, um inimigo externo, (quem sabe), pode ser o coronavirus, homens públicos despreparados ou até ministros do STF, vamos permanecer em luta até morrermos todos de tédio, tristeza ou falta de esperança.
Por isso é importante aceitar a nova realidade, mesmo com todo o medo que sentimos dela no momento. A normalidade como a conhecemos, nunca mais voltará… Porém a boa notícia é que já podemos escolher o inimigo comum!