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Editorial - Opinião sem medo!

Todos são inocentes até que se prove o contrário

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Constantemente algumas séries e programas de TV viralizam e se tornam aclamados pelo público. As produções por ter um enredo, boas atuações e por prender as pessoas as poltronas, quase que impedindo os expectadores de trocarem de canal, ou de desligarem os gadegets sem conferirem o próximo episódio são cada vez mais frequentes.

Braking Bad, The Walking Dead, Game Of Thrones, Vikings, Friends, 13 reasons whi, são algumas das series mais aclamadas pelo público e tem seu apelo emocional entrelaçado ao carisma dos personagens.

Contudo recentemente uma série tem causado uma comoção e uma percepção ainda mais latente nos espectadores, ela se chama “Os olhos que condenam”. A série que é baseada em uma história real conta o drama de cinco adolescentes negros, com idade entre 14 e 16 anos que foram condenados injustamente por um estupro de uma mulher branca no Central Park em Nova York.

O fato é que os rapazes foram condenados após uma série de erros e interesses que foram para além da questão criminal, e se tornou uma bandeira social, de um confronto étnico que anos depois teve um desfecho uma indenização paga aos homens que perderam sua inocência e liberdade.

Diante da série se pode constatar, no entanto a participação de um ente social que é discreto, mas que cooperou e muito para que os adolescentes fossem condenados. Esse ente é a imprensa, que exerce seu papel e torna o fato um verdadeiro espetáculo.

A apresentação da cada fato, os indícios as especulações e no final o que se tem é um apelo para que a condenação de quem quer que seja aconteça o mais rápido possível.

Bom, caros leitores, não estamos de forma alguma aqui querendo fazer criticas as forças de segurança, muito menos ao Ministério Público. Esses entes tem cooperado para que a cidade e a sociedade seja mais segura e justa. Nossa critica aqui caminha para os danos que são causados quase que de forma inocente para as pessoas que são expostas antes mesmo de ser incriminadas.

Nessa edição trazemos, por exemplo o entendimento da promotoria de que não mais necessariamente o senhor José Ferreira, padrasto do pai de Deizzyná, é o culpado pela morte da adolescente, mas diante de tal fato o estrago já foi feito.

O homem que nem se sabe se tem plenas condições mentais, já foi incriminado pela sociedade como autor do fato, e por mais que seja imputado sobre ele a inocência, já foi dado publicidade e exposição sobre outros possíveis crimes como o de abuso sexual, o que costumeiramente não ocorre com outros criminosos que praticam ações semelhantes para que não haja justiça feita com as mãos dos populares.

Nos colocando como parte do processo entendemos que faltou sim prudência da imprensa de forma geral, e isso pelo desejo de expor e mostrar a sociedade que a justiça é feita.

Entendemos ainda que por mais que o homem não seja plenamente culpado existe sobre ele a acusação de outros crimes e por tais desejamos, como entes sociais que o mesmo responda e caso seja considerado culpado, que seja devidamente penalizado.

O que não podemos cooperar e admitir é que por nossa ação, pela ação da imprensa sobre ele seja simplesmente imputado um crime que pode ser inocente, e ainda que socialmente ele venha a ser penalizado por práticas que não necessariamente foram cometidas por ele.

Entendemos que as possibilidades ainda não estão descartadas, e por isso mais uma vez agimos com cautela sobre a possível inocência. Mas aqui também temos que compreender e solidarizar com o fato de que a culpa deve ser dada aos devidos responsáveis e a nós imprensa não cabe criar opiniões e formar assassinos para que pautas sejam preenchidas e audiência seja garantida.

Por fim parabenizamos a promotoria e a polícia civil pela coragem e humildade de voltar atrás e entender que diante de todos os fatos constatados, o melhor é que o suspeito aguarde em liberdade e que os demais crimes que puderam ser cometidos por ele sejam investigados, julgados e caso seja entendimento penalizado.

E ainda queremos lembrar que os olhos que condenam o agressor, são os mesmos que leem os jornais, que assistem aos telejornais, e que imputam culpa aos suspeitos, sem mesmo ter, ou termos, conhecimento ou propriedade sobre o caso, esquecendo do artigo 5º da constituição federal que determina que absolutamente “todos nascem inocentes até prova em contrário, representada pela condenação criminal com trânsito em julgado”

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