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Saúde


‘Me arrependi da bariátrica. Depois da cirurgia, desenvolvi compulsão por sexo, compra e remédio’

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Compulsão alimentar pode mudar o foco da obsessão após cirurgia, e continuar prejudicando, e muito, a vida de uma pessoa

Alexandra de Oliveira, de Belo Horizonte, pesava 148 quilos, distribuídos em 1,78 metro, quando se submeteu a uma cirurgia bariátrica aos 26 anos. A operação a fez emagrecer, como ela esperava. O procedimento, no entanto, desencadeou na mineira transtornos psiquiátricos, entre eles a compulsão. Com informações de Revista Marie Claire.

Oliveira conta que começou a engordar na adolescência. Ela passou pouco mais de uma década fazendo dietas com promessas milagrosas para perder peso. A mineira até emagrecia, mas voltava a engordar. Cansada do efeito iô-iô, decidiu submeter-se a uma operação de redução do estômago.

“Acordei no hospital vomitando sangue, mas o médico disse que era normal. Tive alta três dias depois, mas o vômito continuava. Durante o primeiro mês, eu passava mal até tomando água. O médico me receitou Plasil e eu praticamente só dormia. Quarenta dias depois da operação, eu tinha perdido 40 quilos”, conta.

Sequelas físicas e mentais

Por causa da náusea, Oliveira não conseguia se alimentar direito. Fraca, sentia os joelhos bambos ao caminhar. Segundo ela, o mal-estar nunca passou completamente, mesmo treze anos após o procedimento. A mineira tem dores crônicas, notou que o cabelo ficou mais ralo e perdeu até dentes, pela falta de cálcio no organismo.

A debilidade física impactou o estado psicológico também: “Depois da cirurgia, eu desenvolvi transtornos mentais, entre eles a compulsão por sexo, compras e remédios”, diz.

Oliveira acredita que talvez tivesse compulsão por comida antes da operação, mas o transtorno passou batido na consulta com o psiquiatra, que foi solicitada pelo cirurgião no pré-operatório da bariátrica.

Compulsão por sexo, comida e remédios

A mineira conta que, por três anos, tornou-se compulsiva por sexo. “Antes da bariátrica, era até difícil eu fazer sexo. Depois, comecei a frequentar casa de swing e sair com homens que eu nem conhecia. Eu entrava na internet para caçar”, conta.

O transtorno passou sozinho, segundo ela. No entanto, outro tomou o lugar: a compulsão por compras. “Eu gastava em um dia 20 mil reais em óculos. Eu não comprava só um, eram oito de uma vez. Cheguei a roubar dinheiro do meu pai para sustentar meu vício. Gastei tanto dinheiro que perdi uma casa”, desabafa.

Oliveira conta estar mais controlada com os gastos, mas ainda assim se descompensa de vez em quando.

A pior compulsão, no momento, é por remédios. “Tomo diariamente até uns 80 comprimidos, por conta própria. Anti-inflamatório, analgésico, antibiótico… O médico falou que eu vou sofrer infarto e não vai demorar”, diz.

A mineira faz tratamento com psicólogo e psiquiatra, mas, mesmo assim, não consegue se controlar. Ela gostaria de reverter a operação, mas foi desencorajada pelo médico: “Ele disse que eu não aguento, porque eu estou abaixo do peso, com 48 quilos”.

Em suas redes sociais, a mineira desencoraja a bariátrica. “Essa cirurgia não é o meio mais fácil para emagrecer. Nunca foi. Arrancar um órgão do corpo vai fazer falta para a pessoa”, diz.

Como é a bariátrica

Cirurgia bariátrica é um termo genérico para operações indicadas para perda de peso. Existem várias técnicas. A mais comum é a bypass, na qual o cirurgião divide o estômago em duas partes, mas não retira nenhum pedaço do órgão.


A comida passa pelo estômago reduzido e segue para o intestino. O grande estômago, que foi dividido, continua fabricando suco gástrico, que vai encontrar a comida na parte de baixo.

Outro método bastante utilizado é a gastrectomia vertical, mais conhecida como sleeve. Essa operação retira o lado esquerdo do estômago, restringindo seu volume.

“Essas são as duas técnicas mais empregadas, mais bem fundamentadas cientificamente e que têm respaldo legal neste momento pelo Conselho Federal de Medicina”, explica o cirurgião gástrico Thomas Szegö, doutor em cirurgia pela USP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

Compulsão depois da cirurgia

Segundo o médico, pode acontecer de uma pessoa desenvolver compulsão depois da bariátrica, mas não é usual. “Ao que me parece, faltou um acompanhamento psicoterápico. A maioria das pessoas com compulsão por comida tende a levar uma vida normal depois da cirurgia”, diz.

O tratamento com psicoterapia depois da operação é fundamental. “Após a cirurgia, o paciente não pode comer tanto quanto comia. Dessa maneira, ele pode ficar deprimido, ansioso e não conseguir se enxergar magro. A mudança na vida das pessoas é muito grande”, afirma.


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