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Economia

PIB de Minas passa de R$ 1 trilhão pela 1ª vez, e alta é maior que a nacional

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O PIB de Minas é um décimo do nacional — Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG

Crescimento foi de 3,1%, à frente dos 2,9% de alta da economia brasileira

Pela primeira vez, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão. A soma de todas as riquezas produzidas no Estado em 2023 chegou a R$ 1,028 trilhão, um crescimento de 3,1% em comparação ao ano anterior e acima dos 2,9% da economia brasileira. O resultado foi apresentado pela Fundação João Pinheiro (FJP) nesta quinta-feira (14/03).

Para Fernando Passalio, secretário de desenvolvimento econômico de Minas, o marco do PIB de 2023 representa uma aferição de que as políticas econômicas do Estado estão dando certo. “Nós chegamos ao governo representando 8,8% da economia e estamos com mais de quase R$ 1,03 trilhão [9,5%]. Isso quer dizer que a economia de Minas está crescendo. E como que a gente sabe que isso está mudando a vida das pessoas? Isso vem ao lado do aumento na geração de empregos”, diz.

Passalio destacou que o resultado do PIB é fruto de um trabalho constante e consistente do governo estadual na busca de investimentos. “Nós temos um recorde histórico de atração de investimentos de R$ 402 bilhões. De 1998 a 2008, a média era em torno de R$ 11 bilhões por ano e estamos com R$ 400 bi em cinco anos. Então é um salto quântico na atração de investimentos; um salto enorme na geração de empregos”, destaca.

Segundo a Fundação João Pinheiro, entre os setores que mais impulsionaram o crescimento mineiro no último ano, o destaque é a agropecuária, cuja variação percentual foi de 11,5%, graças à alta do café — com aumento de aproximadamente sete milhões de sacas —, do milho de segunda safra, da soja e da cana de açúcar.

“Tivemos o setor agropecuário com o aumento de volume de produção, com as principais culturas apresentando acréscimo”, pontua o pesquisador da Coordenação de Contas Regionais da FJP, Thiago Almeida.

Em nota, o Sistema Faemg Senar comemorou a contribuição do agro para o resultado do PIB mineiro e ressaltou que as chuvas do 1º trimestre de 2023 tiveram um  papel importante no desenvolvimento das lavouras, como café, milho, soja e cana-de-açúcar.

A entidade ressaltou que a agropecuária mineira mostrou, mais uma vez, a sua importância para a economia do Estado. “A agropecuária mineira, bem como a brasileira, está se transformando e trazendo o pacote tecnológico para dentro das fazendas, o que está aumentando a produtividade das terras e animais. O desafio é levar isso para todos os 640 mil produtores mineiros, mas os produtores estão fazendo isso muito bem”, informou.

Indústria também teve papel relevante para resultado do PIB

Thiago Almeida, da Fundação João Pinheiro, sublinha o papel da indústria, que cresceu 3,1% no resultado do PIB mineiro: “na indústria extrativa mineral, houve um crescimento importante na produção do minério de ferro com as principais empresas do setor. Ainda na indústria, outro destaque foi o segmento de Energia e Saneamento, que, com o aumento das temperaturas e do consumo de energia, elevou a geração de eletricidade. Nesse aspecto, houve crescimento robusto na produção de energia solar fotovoltaica, em que tivemos uma série de investimentos nos últimos anos no Estado”.

O resultado apresentado pela FJP é igual à projeção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O economista-chefe da entidade, João Pio, sublinha os segmentos da indústria que mostraram mais força em 2023: “destaca-se, especialmente, o bom desempenho da indústria extrativa, que cresceu 7,6%, bem como o da indústria de transformação, que avançou 1,2% no Estado, enquanto apresentou uma queda de 1,3% no país”.

Ainda que tenha tido uma alta menos significativa que as demais, de 2,2%, o setor de serviços permanece na vanguarda de geração de riquezas no Estado, e corresponde a dois terços da economia mineira. Ele engloba comércio, transportes, administração públicas e outros serviços.

O economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), Stefan D’Amato, argumenta que, justamente por já ter a maior participação na economia, o ritmo de crescimento tende a ser mais lento. “O aumento do setor foi principalmente pelo crescimento significativo do setor de transportes, por volta de 6,6%. Isso tem a ver diretamente com o escoamento da nossa produção mineral e agrícola. Há também aumento da demanda da indústria de transformação por insumos. Em seguida, informação e comunicação. E gostaria de destacar que o turismo em Minas Gerais vem crescendo com taxas superiores às nacionais”, aprofunda.

Mesmo com um crescimento maior que o brasileiro, o PIB de Minas continua representando pouco menos de um décimo do brasileiro — 9,5% —, e está atrás de Rio de Janeiro e São Paulo. Em 2023, o Produto Interno Bruto do Brasil foi estimado em R$ 10,9 trilhões pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Projeções para o futuro

A Fiemg projeta que o crescimento do PIB mineiro será menor em 2024 e atingirá 2,2% em 2024. A redução deve-se à perspectiva da redução da safra agrícola devido ao menor volume de chuvas. No campo da indústria, a federação espera um crescimento baseado na recuperação do segmento de construção e novo avanço do segmento extrativo. A perspectiva também é positiva para os serviços, na visão da Fiemg, devido ao mercado de trabalho aquecido e às transferências de renda, que estimulam o consumo das famílias.

Segundo o Sistema Faemg Senar, o resultado do agro já neste primeiro trimestre pode ser afetado por questões climáticas do final do ano passado e o fenômeno El Niño. “As chuvas mais recentes, a partir do final de fevereiro, beneficiaram as lavouras de café. Todavia, a primeira safra de grãos, plantada no ano passado, foi impactada”, destacou a entidade em nota.

Em entrevista à reportagem de O Tempo, o secretário de desenvolvimento econômico do Estado, Fernando Passalio, comentou que a esperança do governo é que esse fenômeno tenha um ciclo curto. “Contra a mãe natureza o homem ainda é muito frágil nessa guerra. […] A gente tem que entender como é que isso vai se dar depois no balanço do exercício”, disse.

Segundo o Sistema Faemg Senar, neste ano há ainda desafios com relação a preços de diversos produtos, como o leite. Na próxima segunda-feira (18/3), haverá um encontro em favor do produtor rural contra as importações do insumo do Mercosul, que estaria “afastando o produtor da atividade e pode provocar, a médio prazo, o desabastecimento e o aumento do preço ao consumidor final”.

Segundo o secretário, o melhor caminho não seria proibir a importação do leite em pó. A posição do desenvolvimento econômico, de acordo com Passalio, é que se coloque critérios ou regras de jogo para que a competição seja igualitária. “É preciso atualizar a competitividade para que ela não tire a necessidade de amadurecimento na nossas empresas, mas também não coloque a gente numa situação desigual frente ao mercado externo que, muitas vezes, entra no país com taxas e impostos que tornam mais vantajoso comprar de fora do que comprar daquele que produz e gera emprego dentro do Estado’.

A expectativa de Passalio é que a tendência de crescimento do PIB em Minas se mantenha neste ano, com ações contínuas e complementares, entre Estado e municípios, para melhoria do ambiente de negócios. “Quase 430 municípios que estão se alinhando, nesse eclipse, para ter menos burocracia e mais facilidade aí para o investidor. […] Minas Gerais ainda é um ilustre desconhecido para vários mercados árabes asiáticos e até mesmo europeus”, destacou.

(Com Agência Minas e O Tempo)

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