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Além de um ponto vermelho no calendário, o que é a Páscoa?
É Páscoa. Assim brada o comércio, ávido pela vendagem de chocolates e afins, nossas crianças se deliciam com as guloseimas, enquanto os crescidos sonham com o oportuno e merecido descanso. Mas afinal, para além de um ponto vermelho no calendário, o que é a Páscoa?
O termo Páscoa, em hebraico Peshah, significa “passagem”. Na Antiguidade, era uma festa primaveril de pastores nômades, que se transferiam das passagens invernais às da primavera.
Celebrava-se a Divindade, às primícias da cevada e os primogênitos do rebanho.
Posteriormente a Páscoa recebe outro significado: a passagem da escravidão do Egito à liberdade, conduzidos por Moisés. Continua o sacrifício do primogênito do rebanho: “o cordeiro, sem defeito, macho, nascido naquele ano” (Ex 12,5). Nos dias da Páscoa hebraica, Jesus é crucificado, vence a morte, e eleva a Festa à um novo e definitivo significado: a “passagem” da morte para a ressurreição.
Na carta de Paulo, dirigida aos Romanos, que é proclamada durante a Vigília Pascal, “mãe de todas as missas”, o apóstolo nos dirige o seguinte ensinamento: “Irmãos, não sabeis que todos que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pois pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6, 3-4).
Essa referência a uma leitura proclamada na celebração da Noite Pascal aponta para a experiência da Liturgia, que especialmente nesse tempo, nos conclama a viver a novidade da Páscoa, através do nosso testemunho no mundo, em favor da justiça, da paz e da solidariedade, rumo à Páscoa definitiva, quando ressuscitaremos no “novo Céu e na nova Terra” (Ap 21,1).
Vivemos num tempo, em que somos “contados” pela nossa capacidade produtiva, percebe-se o valor da pessoa pelo quão economicamente fecunda ela o é para uma sociedade consumista e capitalista; há muito, o ter se sobrepõe à essência, e os valores pregados por NOSSO IRMÃO MAIOR, esvaíram, sufocados pela ganância, que apequena a obra prima do CRIADOR.
Os rituais e costumes de uma tradição, quando não vivenciados na essência, tornam-se apenas repetições robotizadas.
São empecilhos à fecundidade, ao novo, à expressão verdadeira de um povo.
Cultivar rituais apenas por amor às tradições, é um habitue que empobrece momentos tão singulares. Estamos vivenciando a semana maior, nos avizinha o ápice da vida Cristã, e para tanto, havemos de nos questionar, em tempos modernos, sobre o verdadeiro sentido da páscoa.
Ao celebrarmos a Ressurreição, que renasça em nós, a pureza e a docilidade da mais tenra idade, para que assim, com as Graças advindas dos mais nobres sentimentos, possamos “amarmo-nos uns aos outros como ELE nos tem amado” (Jo 13,33-34).
Abençoada e Santa Páscoa.
Graça e Paz