Colunistas
vivenciamos “tempos de mudanças”?
A Nossa Serrana, e suas ricas terras tem sido palco nesses dias, de intensa contenda na casa legislativa, num acalorado embate pelas permutas de suas valorosas áreas; prática recorrente noutros idos, mas que suas gentes, julgavam superadas, já que vivenciamos “tempos de mudanças”; ledo engano, uma vez que dois polêmicos projetos assombram a vereança: Catira da rua e a catira do brejo.
Entre idas e vindas, tramitam na casa, duas solicitações do executivo, visando permutar áreas com empresários locais, em projetos cuja relação custo/beneficio mostra-se danosa aos munícipes; no afã de homologar um deles, pejorativamente rebatizado de catira da rua – com gosto de prato requentado, visto que essa é a segunda tentativa de aprová-lo – foi posto à apreciação do plenário.
Trata-se do Projeto 026/2020, que autorizaria o executivo a transferir para um empreendedor da cidade uma área de 13.324,50 m2 situada em uma avenida do bairro Dona Zeli, vetor sul da cidade. As avaliações feitas pela Prefeitura apresentam um preço médio de aproximadamente 2,9 milhões de reais.
Em permutação, o empresário cederia 3.402,59 m2, num terreno situado entre os bairros São Sebastião e Park Dona Gumercinda Martins, na continuação das Avenidas Belém e José João Rodrigues, o que lhe traria vantagens substanciais, uma vez que a infraestrutura desta rua promoverá o acesso e parcelamento da respectiva área, que desmembrada, irá se transformar em um loteamento, sem que o Município perceba qualquer parte do terreno a título de equipamento urbano, como acontece nos empreendimentos tradicionais.
O valor médio das avaliações desta área representa pouco mais de 1,3 milhão de reais. A diferença, ou seja, mais de 1,5 milhão de reais seriam pagos a Prefeitura em 5 parcelas, a serem utilizadas “exclusivamente” para a abertura da via e sua infraestrutura, composta por iluminação, asfaltamento e drenagem, além de uma ponte orçada em 600 mil reais, sendo que o custo efetivo da obra está avaliado em aproximados 2 milhões de reais.
Na prática, o empresário ficará com um terreno de quase 2,9 milhões, de acordo com as avaliações encomendadas pela Prefeitura, e mais um investimento público de 432 mil reais em um terreno de sua propriedade, sem a necessidade de transferir para a Prefeitura qualquer pedaço de terreno nesta gleba, localizada próximo ao Centro Administrativo.
Portanto, o custo da obra para os contribuintes será de 3,3 milhões de reais. Um contra-censo, se analisarmos as infindas e urgentes demandas, em tempos de pandemia, e a propalada escassez orçamentária que atormenta a atual gestão.
O executivo se apequena quando apresenta um projeto com clarividente privilégio à terceiro, aliado de primeira hora desta e doutras gestões; não obstante, a Casa do Povo, que deveria primar pelo zelo ao orçamento e ao bem público, corrobora com tamanha desfaçatez, orquestrando, via quebra regimental,uma dandesca e polêmica aprovação – que viera a ser revogada – oriunda de uma ação arbitrária de seu presidente.
Àqueles que ousaram votar contra os anseios do executivo, foi reservada uma campanha difamatória, via redes sociais, cujo patrono, obviamente, é incerto, evidenciando o desrespeito à quem de fato se dispõe a realizar o trabalho fiscalizador, não estando à mercê do executivo.
A Inabilidade politica resultou na derrota de um projeto que, a priori, seria benéfico à Serrana; a pressa – não debatendo os pormenores e a readequação do dispêndio – e a truculência, frustraram a possibilidade de um novo acesso à 262.
Que a passionalidade não impeça aos homens desta terra, o sadio e resolutivo diálogo, buscando sanar nossas infindas demandas.
Abençoado final de semana
Graça e Paz