Colunistas

100 paus foi muito pouco para quem é pai!

Publicado

em

Passado o Dia dos Pais imagino, que o assunto polêmico sobre a campanha publicitária para a data feita pela Natura, também ficará no passado. Mas algumas coisas poderiam ser “melhor resolvidas”, através de um diálogo mais amplo e menos moralista.

De acordo com informações postadas nas redes sociais, a Natura está amargando um prejuízo de R$ 800 milhões, presumivelmente em função da sua campanha para o Dia dos Pais ou mesmo a pandemia. Independente da interpretação de muitas pessoas, considerei a ousadia da campanha publicitária muito própria para uma empresa lançadora de tendências, como poucas conseguem ser.

Lembro das campanhas da Benethon, nos anos 80/90, que mostravam cenas bizarras, como duas freiras se beijando ou um portador do vírus HIV em estado terminal numa cama de hospital. Eram apelos fortes utilizando imagens incomuns para vender “moda”. A publicidade é uma atividade, que tem como base, a criatividade. E a Benethon, assim como a Natura, não pouparam seus lados geniais e criativos.

Mas existe um outro recado na notícia do prejuízo da empresa. Uma mensagem subliminar que merecia um outro tipo de leitura mais apropriado às nossas consciências: somos uma sociedade preconceituosa com altas dosagens de hipocrisia. Quando falamos de respeito às liberdades, não cabe estabelecer a forma e seus limites. Afinal, a liberdade de um termina onde começa a do outro.

Pior que uma ideia polêmica é a falta de qualquer outra. A campanha foi um sucesso, pois mexeu com conceitos e revelou preconceitos adormecidos ou camuflados. A publicidade da Natura mostra, que ainda temos muito o que aprender sobre a natureza do pensamento humano e respectivas reações.

Existem pessoas que condenaram a campanha, mas fazem absurdos movidos pela pedofilia ou em diversas formas de violências em nome de Deus ou de uma moral “imoral” dos costumes. O que pode ser pior que a discriminação de raças, ideologias, classe social ou estilos de vida? O que pode ser pior do que a apologia à depravação sexual ou ao crime, veiculado nas emissoras de rádio e compartilhado por milhões de pessoas, que consideram uma bunda robusta rebolando mais importante que um livro?

Ou ainda, ficam inertes frente a um político corrupto e confesso não ser condenado por ter imunidade? Sendo assim, manifesto, com toda a minha humildade, a indignação pelas manifestações contra uma empresa geradora de empregos, pagadora de impostos e atividades merecedoras do nosso respeito pela história que fez e faz num mercado tão competitivo.

Parabéns à Natura pela ousadia e criatividade acima da nossa compreensão. E com certeza, 100 paus para celebrar o Dia dos Pais é muito melhor do que milhões, sem ter com quem ou o que comemorar.

Tendência

Sair da versão mobile